George, o solitário.


Para quem não se lembra, George, o solitário, é a última tartaruga-gigante-das-galápagos-de-pinta, subespécie Geochelone nigra abingdonii, uma das 14 subespécies (hoje apenas 11 ainda existem) de tartaruga-das-galápagos, das Ilhas Galápagos. Há somente ele de sua espécie, as outras tartarugas de Galápagos pertencem a outras subespécies. Esse é um caso muito grave, visto que estamos presenciando uma extinção certa. George já tentou procriar com outras fêmeas de outras subespécies, para pelo menos haver a esperança de seu genótipo ser conservado, mesmo que não por inteiro, mas foi em vão, nenhuma tentativa teve êxito.
As tartarugas de Galápagos não são como todas as outras tartarugas, sua morfologia é bem diferente. São as maiores tartarugas conhecidas. Seu casco também é diferenciado, a carapaça óssea das tartarugas-das-galápagos é muito grande e as suas características morfológicas variam de acordo com o ambiente de cada ilha. Esta variabilidade permite subdividir a espécie em vários sub-tipos, cada um característico de uma ilha, ou de uma parte dela. Esta diversidade morfológica foi reconhecida por Charles Darwin, durante a sua visita ao arquipélago em 1835, e foi um dos argumentos para a sua teoria da evolução das espécies. Além dessas características, a mais bizarra, digamos assim, é o formato e comprimento do pescoço destas tartarugas, lembrando os antigos dinossauros herbívoros sauropodomorfos. Darwin já reconhecia a exclusividade e originalidade dessas tartarugas que tanto o encantaram, bem como toda a fauna diferenciada desse arquipélago. Mas desde a visita de Darwin muita coisa naquelas ilhas mudou. A população atual das tartarugas-das-galápagos está estimada em cerca de 15.000 exemplares, muito longe dos 250.000 que viviam nas ilhas antes da colonização iniciada pelos espanhóis, e é considerada vulnerável.
Agora imagine você sendo o último de sua espécie, sabendo que depois de sua morte será esquecido em breve e que nenhum gen igual ao seu sobreviverá nesse mundo. Seu instinto com certeza se manifestaria e provavelmente você ficaria desesperado ou no mínimo, depressivo, e tentaria de todas as soluções para esse futuro ser diferente. Mas o que estamos fazendo por George? E todas aquelas tecnologias do genoma humano, células- tronco, por que não aplicá- las agora? Se fosse um ser humano com certeza ele não pensaria duas vezes. Mas, realmente, até onde é certo ou errado ( se esses conceitos cabem aqui) aplicar essa tecnologia a George sendo que tantos outros já se extinguiram. A extinção é um fenômeno natural do ambiente ( quando não causado ou acelerado pelo homem, lógico). A grande maioria, se não todas, as espécies que viveram a vários milhões de anos atrás não mais existem hoje, e assim acontecerá com as espécies de hoje no futuro. As espécies vão se extinguir, evoluir, e o mais apto sobreviverá. Se o homem não estragasse tudo, as coisas estariam correndo numa boa de acordo com a vontade da natureza pelos caminhos da evolução. Mas se ele pôs o dedo onde não devia ele deveria tentar fazer de tudo para voltar ao normal? Ou será que finalmente devemos nos enquadrar como animais que somos e também aceitarmos que fazemos parte desta competição, extinção e evolução a que todos os seres vivos da terra estão condenados? Mas poxa, e o George?

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1 comentários:

Lento disse...

O homem destrói por luxo, não por sobrevivência.
Destrói por ganância e poder.

Muitas espécies irão se extinguir por causa desse fato, infelizmente.

George vai morrer como um mártir que lutou pela sobrevivência e perpetuação ate o ultimo segundo de sua vida.

Excelente o post!

Bjos

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